sexta-feira, 18 de maio de 2012

um filho com o teu nome...

Hoje falo de ti, falo de mim, do que foi, do agora.... chega de beijar a dor e acolhe-la no regaço, chega de conformismo! Sentido para a vida é ela não ter sentido algum - escolher, executar, usufruir e arcar a consequência!
Começou com um pedido urgente: cativa-me! Num desenfrear de dias, horas, noites, minutos eu estava cativado e o teu sangue corria em mim. 
Rir, aprender a rir! Chorar, abraçar, falar, silêncio, afastar, voltar, unir, estar, mãos, olhares... Autêntico!
Simples, puro, audaz desafio! Um ponto, dois, três, uma infinidade deles geram uma linha, uma teia, uma rede complexa de fatalidades que nos fazem caminhar juntos, que nos fazem sentir, sentir de certeza!
Verdade, frieza, crua expressividade que vai do porco, banal à mais complexa teoria - o tudo é pouco para nós!
Vou ter um filho com o teu nome, vou vê-lo seguir-te como eu sigo hoje! Ele vai ser Homem que dará sentido relíquia à amizade, ao amor incondicional, à entrega, ao viver o Hoje - Liberdade!
Sou completo dentro da  minha falha, do meu defeito! Explorei e exploro com tudo o que tenho nas mãos, o mais rico que há neste mundo e nos outros, as relações humanas!
Escrevo na pele o que me fez parar num céu estrelado, numa avenida sem nome, numa multidão em revolta constante!
Junção de mar e céu aconchega-me no teu canto, a imortalidade tratará de tudo o resto!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Transplante de pulmões e duma alma nova, se faz favor!

Ventiladores, sinais vitais fracos, dias de vida que se apagam a cada ponteiro remexido num relógio. Listas de espera, infelicidade de ter nascido com um pacote defeituoso! Preciso de ar, preciso de pulmões que não sejam menores, nem queimados ou com desconto! 
Quero poder fazer mais que dar três passos antes de desmaiar, de obrigar tudo a olhar para mim como a redoma de vidro do mais límpido cristal lá de casa!
Tráfico de órgãos!!! É isso! É essa a solução para saltar os milhares que esperam como eu! Há países com políticas diferentes, e a realidade nua e crua é unicamente uma: quero viver! 
Fortunas, dinheiro lavado, crianças, adultos, uma parafernália de órgãos a seu dispor.
A desculpa? morrem milhares em países do terceiro mundo, aos quais os órgãos já não fazem qualquer falta e acabam num destino, chamado de vala comum, onde os corpos são empilhados! México, Camboja, Uruguai, China (civilização versus excesso de população) e mais pesquisa faça mais lugares a oferecerem-me um lugar ao sol. 
Mas sejamos francos, e eu mais que ninguém, luto diariamente para poder fazer mais que tentar suspirar. Eu falo hoje para uma clínica clandestina, com médicos dos mais altos renomes universitários. Garantem-me que eu devo apanhar o próximo avião que terei o ouro a luzir numa arca com gelo, à hora marcada sem mais nem menos, basta o cheiro do dinheiro entrar subtilmente nas narinas e a operação começa sem qualquer imposição. 
Fala-se que atropelamentos são acidentes frequentes e que surgem sempre naquele momento da maior aflição onde os santos, e o próprio Deus, ficam arrecadados longe do que é visível aos olhos de qualquer um! 
Vou viver na troca da morte de alguém... soa-me bem, um hipócrita que daqui a uns meses faz tudo com os pulmões dum qualquer, que realidade seja dita se calhar amanhã morria porque a criminalidade lá é publicidade reafirmada! 
Mas... mas! Como atirar a consciência para a gaveta, esquecer que estou vivo por tanta coisa negra escondida, oculta, comprada! 
Eu quero viver, mas por mérito! Assassino? É o que serei provavelmente. Não sujo as mãos mas a mando, involuntário, ceifo alguém e pior a partir do momento que os instalem acondicionados, na perfeição, no lugar dos meus falsos fornecedores de ar a alma precisa de mil transfusões e não há no mundo transplante de alma em parte nenhuma nem mesmo no ebay!
Eu sou filho duma guerra injusta, e no meio disto tudo sou vítima mas amanhã serei eu o gerador de outra vítima! Corrupção, uso abusivo de poder, ciclo vicioso provocado por notas que serviam inicialmente para tudo ter um preço justo, uma troca de favores! 
Volta a asfixia, do outro lado do telefone aguardam a resposta. Não são os pulmões que me estão a tramar desta vez é a dor de pensar, a decisão forçada que leva o meu corpo ao nervosismo da mais alta tensão! Um último esforço, vá lá, um último para poder viver por mais cem anos: Quero morrer! O telefone continuou a balbuciar coisas, a persuasão e a sede de acrescentar mais uns cêntimos numa conta privada no Dubai! Fui claramente FELIZ naquele mísero segundo em que o ponteiro se arrastou um pouco mais e o coração parou!

terça-feira, 1 de maio de 2012

morte à morte!

Olhares cruzados de vozes irrequietas, de complexidades humanas que ultrapassam o lógico, o básico, a barreira do visível! Gargalhadas psicológicas estilhaçam os vidros duma memória acorrentada ao preto e branco e aos diálogos mudos!
Eu quero morrer mas tu manténs-me vivo com o tóxico que nos relaciona!  Arrisco no aglomerado de pontos que forma a linha que teima em fazer bater o coração!
O sangue é catapultado para um chão que, enquanto sufoco, gera o abstrato que me sucede e te antecede, uma dança contemporânea, arrítmica, sem música!
Um escuro negro azeda em tons de amarelo vivo... ergo-me sem as mãos trémulas que ficaram a segurar um aura apodrecida!
Guardas o pior de mim numa caixa de cartão, ladeada de vírus mortais, afastando o risco de assaltos à mão armada à tua maior relíquia!
O teu cheiro habita em mim, e mesmo tendo eu cosido a boca ponto a ponto, de tempo a tempo tu marcas a mira das minhas coordenadas e perca-me eu onde tudo é camuflado, TU estás!
Eu vivi quando, numa esquina, apanhaste-a de surpresa! Tu mataste a minha morte numa eternidade que ainda não atingi! Roubaste-lhe o código que me desbloqueia da bomba relógio com estimativas de mais infinito!